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4 - 6 minutes readZangief Kid

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CHAPO

 

Recentemente tivemos um despertar para a realidade com o super -mega- ultra divulgado e reverenciado vídeo de Casey Heynes AKA Zangief que sofreu bullying na escola por anos e que um dia resolveu colocar um fim nisso revidando contra seu agressor.

A opinião pública é quase unânime, Casey estava certo. Se te batem você deve bater de volta. Chama-se auto defesa, chama-se força, chama-se inteligência, chama-se coragem.

 

E ver o vídeo certamente choca. Quem um dia sofreu bullying sabe como é triste passar pelos dias sem viver. Quem sabe a rotina da angustia não sorri nem pros ventos.

E Casey se cansou. Decidiu dar um basta. Decidiu ser responsável por sua própria liberdade.

Não sei qual foi a educação que ele teve em casa, isso certamente será mais explorado, mas seria ele “adepto” dos ensinamentos de ELI ou ele simplesmente abaixava a cabeça por medo?

Lembro-me de uma vez ter escutado uma história de elefantes de circo. Como eles mantinham preso um animal daquele porte sem grandes equipamentos. Correntes normais jamais agüentariam tamanha força. Já pararam para pensar nisso? Pois bem:

Quando o elefante ainda é filhote eles amarram o animal com correntes normais, dessas que compramos em qualquer depósito de material para construção (na melhor das hipóteses é só isso). E apesar da pouca força ele é persistente em suas tentativas de escape. Tenta por semanas sem sucesso. Então ele se conforma de que sempre estará preso nas tais correntes e que não importa o tamanho de seu esforço, as correntes são mais fortes. O elefante cresce e as correntes continuam as mesmas. Porém o elefante, embora agora com força descomunal, continua amarrado. Preso em sua própria desistência. Atado à sua própria derrota e incapacidade.

 

Bullying funciona dessa forma. Você está sozinho, excluído, atado a correntes mais fortes que você e em certo ponto seu único modo de se libertar é aceitar os nós ou sair disso, de uma forma ou de outra. Geralmente é de outra…

Não é novidade para ninguém uma notícia de que um adolescente atirou nos colegas de sala e então se matou. Infelizmente isso é corriqueiro.  Mas alguém que revidou? ISSO é novidade. ISSO é heróico. Quantas pessoas enquanto viam o vídeo não pensavam: Sinto-me vingada! Ele esta certo!  Eu mesma fui uma dessas. Vi tudo chorando e pensando: Como eu queria ter tido coragem de fazer isso. Por que nunca fiz isso?

Eu estava com correntes a minha volta. Muitos ainda estão nesse exato momento. Quantos agirão como Casey? Quantos puxarão o gatilho?

Só que hoje sou adepta dos valores ELIanos. Sou da paz e tento não viver em função do ego ou do orgulho. Tento fazer o certo, como muitos outros. Não só porque XENA me tocou e me ensinou que violência é em ultimo caso. Adie o quanto puder. Mas também porque os resultados de um ato violento, ainda que em auto defesa, podem ser carregados eternamente. A exemplo de Gabrielle e seu primeiro assassinato. A exemplo de Xena que se vingou do mundo pela morte de seu irmão e também carregou o fardo do arrependimento. Ainda assim assisto ao vídeo e sinto alívio. Sinto alívio porque alguém se mexeu, alguém fez alguma coisa. Alguém se libertou por mim.

E então vem na minha cabeça Seeds of Faith – Sementes da fé – onde os discípulos de Eli pregam: os deuses governam através do medo! E não é que eu queira debater métodos de pregação e adoração. Somente ressaltar que o medo é o que permite os fracos agirem.  Eis as frases que marcam o centésimo episódio da série:

 Não é preciso uma adaga sagrada, o amor é a única arma que precisamos.

Eli

 

 Meu coração diz que tudo que você fala está certo e faz sentido.  Mas então minha cabeça também diz que às vezes a única resposta é lutar.

Gabrielle

 

Eli pensa que pode parar um exército com palavras amáveis. Bem, ele não pode.

Xena

 

A única razão que leva pessoas como Eli existirem é porque pessoas como nós estamos ali para defendê-las quando elas não podem.

Xena

 

Então Ares está certo? O futuro sempre será moldado pelos guerreiros.

Gabrielle

 

Então qual seu papel na sociedade, qual MEU papel? Como devo me portar ante a violência? Puxo o gatilho? Enfrento o deus da Guerra? Dou a outra face ou beijo a de meu inimigo?

E pra quem ainda não entendeu o que uma coisa tem a ver com a outra. Ou ainda se eu acho que Casey agiu certo ou não. Bem, eu realmente não sei se agiu. De fato ele REAGIU. Ele se tornou um herói mundial, recebeu apoio de todos. Foi a única saída que todos viram.

E não é que eu recrimine nem nada. O triste é ver o vídeo e perceber o extremo que Casey teve de chegar para ser ouvido, para receber a devida ajuda e atenção. Triste é ver pais pensando o que o fariam se fosse com seus filhos. O que teriam dito. Triste é ver que ainda haverá muitos sempre presos às correntes. E no dia a dia não há princesas guerreira para defender esses oprimidos. Então o que nos resta?

Lembro-me que há algum tempo atrás um desses casos de estudantes das escolas dos EUA era fã de Marilyn Mason. E resolveram pegar o artista para Cristo. Praticamente todo país colocou a culpa nele e a mídia sufocou-se de dinheiro em cima do tema. Então um dia resolveram perguntar o que o Marilyn teria DITO para esses jovens tão perturbados. O que ele falaria de diferente que ele acha q faltou dizer por parte dos pais. Então ele deu a resposta que acredito ser a mesma para esse caso e para tantos outros:

-Eu não teria dito nada… Eu os teria ESCUTADO.

 

Link do Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=6r23jIeb_Q8

One Comment

  • Mára

    Que artigo legal. Eu não conhecia o caso e fui ver o vídeo Chapo. O Bullying é violento mesmo quando não se torna físico, embora todo filme que passa a escola americana e tem como jargão o atleta burro, a bela grosseira e futil e a inteligente feia, Nerds, desajustados, sempre trouxe o Bullying escancarado, que apenas as pessoas não viam como tal e identificavam como tratar os IGUAIS de forma IGUAL, como uma maneira natural e “americana” de seleção social. Xena quanto a este tema faz algumas outras referencias e enquanto eu lia me lembrava da frase sobre reagir. Quanto me pareceu injusto a escola suspende-lo e quão irônico foi dizer que a escola “intolerante a lutas suspendeu os dois.[ no video diz isso ] Como assim intolerante a lutas???? Onde estava tal intolerância quando o Bullying acontecia com ele o tempo todo?? O Bullying me parece a forma mas perigosa de discriminação por que ele não age no sentido de apenas evitar o contato com o discriminado mas empurrar o discriminado para baixo, coloca-lo no centro da atenção e machuca-lo propositalmente. A conclusão de seu artigo pra mim foi surpreendente e me trouxe uma reflexão sobre este fenômeno que é a net e nela os Grupos de discussão ou relacionamento. Um lugar onde ser ouvido, onde se pode falar e sentir-se escutado.Ótimo artigo, parabéns.

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