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5 - 6 minutes readVirgílio, o bardo incompreendido

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Poucos membros do clã xenite falam do Virgílio. Grande parte o ignora, uns porque não gostam mesmo dele, outros por acharem que ele não teve importância real para a estória da saga. Mas vou falar pra vocês aqui por que sou defensor desse carinha…

Interpretado por William Gregory Lee, Virgílio foi introduzido na série no episódio 5×20 – Livia, quando Xena e Gabrielle acordam da caverna de gelo onde ficaram confinadas, por culpa de Ares, durante 25 anos. Presume-se, então, que Virgílio tinha por volta de 20 anos quando fomos apresentados ao personagem filho do Joxer com a Meg, sim, aquela Meg oportunista e trambiqueira. Para descrever o Virgílio, seria um crime não começar falando de fatores genéticos: ele não tinha nenhum atributo físico que lembrasse o Joxer, mas se formos considerar que sua mãe era a cópia exata de Xena, a produção teve que caprichar para escolher um ator que fosse bonito, para pelo menos chegar perto das feições divinas de Lucy Lawless.

Virgílio foi criado com a crença no Deus de Eli, e era evidente que isso meio que mexia com a cabeça dele, porque mesmo com o ensinamento de que devemos dar a outra face a quem nos dá um tapa, ele sabia manejar muito bem sua espada para se defender. Isso era um dilema para ele, aquele velho dilema da série, muito bem retratado em Purity e Back in the Bottle: o amor não tem poder para vencer uma guerra.

Mas, afinal de contas, com quem teria Virgílio aprendido a lutar e a conquistar toda aquela musculatura em seu corpão? Com Joxer é certo que não foi, já que o velho pai do moço seguia trapalhão em campo de batalha mesmo depois de duas décadas e meia. No mínimo da suposição, podemos imaginar que ele corria atrás do que queria, talvez tivesse um gosto natural por armas, como todo homem tem, mas nunca fez da espada seu estilo de vida, até mesmo porque o conflito Guerra x Amor devia ter sido algo muito presente em sua criação. Ou talvez ele tivesse tomado umas aulinhas com seu tio Jet, o assassino, hehe!

E falando em lições com tios, teria Virgílio conhecido Jace, seu tio performer? Por mais que muitos xenites gays torcessem para que a delicadeza de Virgílio fosse mais do que um tradicional cavalheirismo, o comportamento dele mostrou-se totalmente hétero em Heart of Darkness, em meio àquele pandemônio de hormônios. Nunca foi da minha opinião que Virgílio de uma hora para a outra passasse a jogar “no nosso time”. Ele era apenas um homem sereno, gentil e educado, movido pelos pensamentos sonhadores de todo bom bardo que deseja provar mais do mundo sobre o qual escreve com tanto fervor.

Já que mencionei que Virgílio era um BARDO, devo frisar aqui que isso devia-se ao fato de ele destacar-se muito pelo domínio da arte de escrever, tanto é que desperta a admiração de Gabrielle quando ela o encontra empunhando uma pena e debruçado sobre um pergaminho. Pelo que pôde-se entender na série, o rapaz cresceu ouvindo as aventuras de Xena através dos pergaminhos de Gaby que Joxer lia para ele. E o gosto por poesia, por registrar estórias no papel, muito provavelmente nasceu daí.

 

 

 

“O amor conquista todas as coisas.”

(Virgílio)

 

Alguns xenites o acham um banana, sem personalidade, insosso, mas eu pergunto: por quê? Será que ninguém lembra que Virgílio foi submetido a uma das mais difíceis provas de toda a série? Qual, vocês me perguntam, e eu respondo: ele foi obrigado a perdoar a assassina de seu pai e teve de conviver numa boa com ela, e digo que ele “foi obrigado” e “teve de conviver” porque a Xena ia matar qualquer um que viesse de maltrato pra cima da filha dela, então Virgílio foi “convidado” a aceitar que Lívia, de uma hora para a outra, havia se tornado a boa papa-hóstia Eva. Esses pequenos sacríficios que todo mundo fazia diante da lâmina da espada de Xena, entendem? Longe de mim dizer que teria sido impossível para ele perdoar Eva, mas certamente ele não teria superado isso tão ligeiro quanto superou na série. Não estou aqui de advogado de defesa do moço, muito pelo contrário. Só peço que vocês façam o que Callisto pediu para que Gabrielle fizesse no Jogo da Verdade ou Consequência diante da fogueira: “Pense lá atrás, quando você era só uma garotinha… e tudo que você conhecia era sua mãe… e sua irmã… E toda a sua fé girava em torno delas. Agora, mate-as. Minha vez.”

 

Como todo bom escritor, Virgílio tinha a lábia da comunicação, e podemos testemunhá-la muito bem quando ele leva Xena ao harém de Gurkhan para vendê-la como escrava. Me lembra bastante o Salmoneus e o Falafel aquela maneira dele de “vender”! E todo bardo é charmoso, tem seu ar de mistério, esbanja sensualidade com aquele jeito humilde e bondoso de ser! Ou vai me dizer que vocês nunca ficaram a fim daquele mais quietinho da sala de aula? E homem que é homem CHORA SIM, porque lágrimas são sinônimo de alma, de gente humana, e nosso Virgílio, por ser sensível, sofreu muito com a morte de Joxer, que deve ter sido um “xenite” e tanto enchendo os ouvidos de seu filhote com as estórias da Xena de Anfípolis e da Barda de Potédia.

 

 

 

“Há pouca razão nas armas.”

(Virgílio)

 

Episódios em que ele apareceu:

5×20 – Livia

5×21 – Eve

5×22 – Motherhood

6×03 – Heart of Darkness

6×04 – Who’s Gurkhan?

6×06 – The Abyss

 

Virgílio apareceu em apenas 6 episódios, e, para mim, ele podia ter sido tão mais bem explorado… Um bardo guerreiro com princípios de pacifista, meio que uma mescla de Xena e Gabrielle em versão masculina. Se tivéssemos uma 7a temporada, garanto que veríamos o amadurecimento da relação dele com a Eva, sua evolução como guerreiro e sua maneira de conciliar isso com seu perfil eliano. Afinal, o que seria de nossos heróis sem seus bardos do lado para perpetuarem seus nobres feitos para as gerações futuras?

Espero que vocês não me apedrejem por ter falado do bardo cheio de saúde de XWP! Abraço!

 

 

2 Comments

  • Mára Núbia da Silva

    Da a entender que ele fazia o trabalho pesado e provavelmente algo de ferraria. Não podemos esquecer que na época nao havia shopings e talz, tinha que fabricar mesmo e daí vinha a musculatura e quanto ao lutar… é da época né gente, ou tu sabe ou tu morre. [o Joxer e o Salmoneus são excessão]. Concordo contigo e gosto dele. E o que acho mais incrível é que quando ele descobriu que todas as histórias colocando o pai como herói eram falsas ele disse que eles tiveram grandes aventuras juntos. Apoiou o paizão. Ótimo filho , como o Eneias da Eneida de Virgilio… mas isso é outra história.

  • Alê Chmiel

    Fala sério que tem gente que o acha um banana? Se ele fosse, eu descascava inteirinho! hahuauauhah
    Sempre admirei o personagem, afinal de contas, ele é um personagem “real” do jeito que XWP gosta de brincar: o grande escritor de Eneida e outras obras e poemas. É engraçado pensar que tal escritor poderia ter cruzado caminhos com nossas guerreiras, e que seu talento provém de suas leituras gabriellísticas. Tá faltando uma fic sua pra contar qual foi o futuro do personagem, Rob!
    Ótima ideia de artigo, lembrar do queridão Virgil!

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