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10 - 14 minutes read[Tradução]Conheça os criadores que estão tramando o RETORNO de Xena!

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Olá pessoal. Devido ao teor interessante desse artigo/entrevista, resolvi traduzí-lo para os fãs brasileiros.

Ele está traduzido QUASE na íntegra. A única parte que retirei foi um trecho em que começavam a falar de coisas mais gerais da indústria televisiva, e não tinha relação com Xena diretamente.

Conheça os criadores que estão por trás do Retorno de Xena: Warrior Princess.

Genevieve Valentine and Javier Grillo-Marxuach

Faz mais de 20 anos desde que Xena: Warrior Princess apareceu nas telas pela primeira vez, mas o amor de Xena (e Gabrielle) está mais vivo do que nunca. Agora, Xena voltará, de um jeito grande! Nós pedimos a Javier Grillo-Marxuach, showrunner da nova série de Xena e Genevieve Valentine, escritora da nova HQ de Xena, para se entrevistarem sobre se amor por Xena. Os resultados foram melhores do que esperávamos!

Javier Grillo-Marxuach criou The Middleman e escreveu algumas de nossas séries favoritas. Genievieve Valentne escreveu os romances Persona, The Girls at the Kingfisher Club e Mechanique, e recentemente, a HQ da mulher gato.

Ambos já escreveram para o Io9 antes, e somos grandes fãs da escrita deles, então estamos ansiosos para colocá-los juntos, para perguntarem um ao outro sobre o que torna Xena uma heroína épica.

G: Ok, vamos começar do começo: Xena era uma convidada em Hercules e estava marcada pra morrer quatro episódios (sic) depois de ter aparecido, mas ela teve seu próprio spinoff antes que o ano acabasse. O que você acha que Xena tem que faz as pessoas quererem continuar contando histórias sobre ela?

Javier: Há duas razões. Uma é que Xena e Gabrielle representaram algo que simplesmente não existia na Tv naquela época. É difícil imaginar 1995…antes da frase “The Bechdel Test” 1 se tornar parte do vernáculo da crítica popular, e que séries lideradas apenas por uma mulher como Alias estavam a seis anos de distância das maiores redes de tv. Mesmo pra alguém como eu (e eu não posso dizer que naquela época “feminismo” era a primeira coisa que eu procurava nas minhas primeiras séries de aventura), estava claro que a série era algo diferente, e que oferecia não apenas emoção e sex appeal, mas algo genuinamente diferente e francamente um relacionamento esclarecedor como seu núcleo. Xena ajudou muita gente – eu incluído – a finalmente abraçar o potencial das séries com protagonista feminina no espaço do gênero.

A segunda razão é que o cenário televisivo era muito diferente em 1995 e se você amava gênero, o sistema de sindicação era o local pra se estar. As redes de tv ainda passavam aquelas speries sci-fi enlatadas como SeaQuest, e eles nunca tratavam de locais interessantes como séries de gênero podem tratar, por medi de alienar a audiência popular. Uma série como Xena podia levar a locais estranhos – e quanto mais sucesso e mais longa a série se tornasse, mais peculiar e mais disposta a testar novos conceitos de narrativa a série se tornavam.

Essas séries eram um refúgio para pessoas como eu, e eu acho que é legal trazer isso de volta e lembrar as pessoas sobre o quão incríveis eram os personagens.

NOTA DA TRADUTORA:

“The Bechdel Test” 1: 

O teste de Bechdel pergunta/questiona se uma obra de ficção possui pelo menos duas mulheres que conversam entre si sobre algo que não seja um homem. Algumas vezes se adiciona a condição de que as duas mulheres tenham nomes. Muitas obras contemporâneas falham no teste, que é um indicativo de preconceito de gênero. Em média, filmes que passaram no teste possuíam orçamento mais baixo que outros, mas um desempenho financeiro melhor ou equivalente.

J: Você tem a chance de brincar no Universo Clássico de Xena: De todos os itens nessa gigantesca caixa de brinqedos, quais vocÊ está mais ansiosa pra brincar e como você vai dar a eles o seu toque próprio?

G: Eu considerei manter as coisas minimalistas, construir tudo lentamente. Mas o show nunca fez coisas minimalistas em sua vida, e assim, a história mais se parece com uma pessoa no buffet, cujo prato tem nove camadas de comida. Eu surpreendente tenho poucos arrependimentos. É de grande ajuda saber que o show é destemido e agia casualmente sobre coisas como transformar um panteão de deuses num documentário ou repetidamente matar os personagens principais, então praticamente qualquer coisa que você tentar será recompensado.

O que eu mais estou ansiosa pra centralizar na minha história é a tensão entre o passado de Xena e o futuro de Gabrielle. Elas se conhecem quando Xena está tentando se livrar de uma vida inteira cheia de pesosas e eventos que a moldaram pra que ela possa ajeitar as coisas, e Gabrielle está apenas tentando TER uma vida. A medida que elas crescem juntas no decorrer da série, é interessante ver como cada uma tenta negociar com o mundo a volta. Por um lado, você tem um flashback culposo de Xena para toda ocasião, o que é ótimo, e significa que eu posso incluir muitos personagens enquanto honro o pulo no tempo de 25 anos. Mas Gabrielle é a rainha Amazona, ela tem visões, e ela é uma barda – alguém tentando moldar o futuro com histórias. A questão essencial de Xena é “Como eu posso ajudar?” e de Gabrielle é “O que eu posso fazer?”, e com frequência essas duas questões trabalham em sincronia, mas às vezes absolutamente não e isso é algo que eu anseio por explorar. (Eu também estou desesperada para infiltrá-las num casino, obviamente).

G: Eu estou trabalhando com um framework pré-existente do show, o que significa que algumas coisas são (digamos, as vestes) fixas e vão permanecer as mesmas, apesar dos meus sonhos pessoais secretos. Com um canon novinho em folha em sua frente, que coisas você mais anseia por fazer? Eu estou igualmente fascinada pelo quadro maior (como você vai equilibrar o denso vs. o prático) e pelas pequenas coisas (alguém não vai cuidar com a vestimenta de Gabrielle? Ela luta muito e a roupa é muito vulnerável!)

J: Eu anseio por remixar o canon um pouco. Uma coisa é que nós estamos contando uma história muito mais serializada do que o show era – então formalmente nós já temos um chão bem diferente pra pisar – e enquanto os personagens ocuparão os mesmos espaços temáticos que no original, alguns de seus planos de fundo mudarão, e um pouco de sua moralidade será mexida para que a gente consiga contar uma história com um arco longo em que cada episódio leve diretamente ao outro. É um ato de equilíbrio delicado? Você quer agradar os fãs do antigo e atrair uma nova audiência, que talvez só conheça o nome da série, com uma história que os puxe para ela, independente do tipo de audiência – e uma das coisas que eu realmente insisti era em contar uma história épica que fosse uma farra nova, mas ainda assim apresentar muitos dos personagens legado de um jeito que isso faça sentido na totalidade da história. Então, pra te responder, isso é uma coisa que eu REALMENTE queria me meter.

Ainda assim é interessante porque a comunicação que eu tenho dos fãs faz parecer que nós vamos jogar tudo fora e fazer um novo “Jem and the Holograms”. As pessoas vem me perguntar se vamos contar a história nos dias modernos (se fosse esse o caso, eu nem teria aceitado chegar perto da série) e se Xena vai ter um chakram ou não (e eu respondo “CLARO que ela vai ter um chakram, o que eu sou? Um monstro?”). Como você mencionou, uma grande parte da atração da série reside em alguns elementos de peso, como a vestimenta de Gabrielle e a minisaia de couro de Xena, e a capacidade de Callisto desafiar a gravidade…enfim, você entendeu. É difícil pra mim na era pós Brienne de Tarth reconcilhar com a idéia de que Xena e seus amigos podem se defrontar com cada desafio com vestimentas tão pequenas. Eu acho que nós teremos longas discussões sobre como trazer esses elementos para o tempo presente sem perder o ponto que faz Xena ser exatamente o que ela é. Há algumas coisas que são sagradas: O chakram, o cajado e é claro, a ambição de Gabrielle em se tornar uma barda, e mais importante, que Xena e Gabrielle são almas gêmeas.

J:Há algo que você está ansiosa para fazer nas HQs que não podia ser feito na TV?

G:Uma das coisas que estou mais ansiosa é que HQs são um meio que…bem, uma história em quadrinho te dá a história que você ama e um mundo com zero restrições de orçamento. Quando um grupo de vilões ataca sua heroína, eles estão atacando em qualquer número que você queira, com iluminação perfeita, habilidades de combate impecáveis e exatamente no enquadramento que funciona melhor pra ressaltar o impacto físico e o que está em jogo. E quando alguém está olhando tristemente pela janela enquanto chove (não acontece muito em Xena, mas em geral…) tudo é como simplesmente é. Obviamente economia e necessidade ainda contam e quadrinhos tem limites, e como uma nerd de longa data, eu adoro assistir os atores DEMAIS pra dizer que você consegue ter o mesmo efeito na folha, mas quand funciona, Histórias em Quadrinho são um ótimo equilibrio entre tendências colaborativas e malucas, e todo mundo automaticamente sabe exatamente como cavalgar em alta velocidade enquanto usa um arco e flecha.

J: Sabe, é engraçado. Quando eu comecei a trabalhar com quadrinhos, eu pensei “Oh, agora eu posso ter todas as batalhas imensas que eu nunca pude na tv”. Mas a verdade é que na TV, são as pequenas coisas que você nunca consegue fazer. Se você escreve alguém olhando tristemente pela janela, o produtor te chama e diz que é muito custoso e ocupa muito tempo, então você acaba cortando por causa de tempo e orçamento. Então agora quando eu faço histórias em quadrinho, eu gosto de ter coisas pequenas como janelas chuvosas.

[…]

J: Tem algo que você sempre quis ver Xena e Gabrielle fazerem (ou não fazerem) que você poderá fazer na sua série?

G: Estou ansiosa por agarrar esse ponto levemente bizarro da linha temporal do show e fazer Xena e Gabrielle lidarem com as repercussões do pulo enorme de temp que ela tiveram. Eu entendo completamente que a série teve que lidar com a história de Eve o mais rápido possível e então seguir pra algo novo, mas eu também acho que seria um chão muito rico e logo que comecei a pensar sobre onde eu queria colocar a cronologia da história, eu soube que eu queria explorar a idéia de Xena e Gabrielle num mundo que elas deixaram pra trás. De certo modo, isso coloca Gabrielle na mesma posição de Xena, com um senso de obrigação de consertar as coisas, mas não porque fosse escolhas delas, mas também pelo senso de perda que as acompanha. É uma encruzilhada interessante para se colocar a história.

J: Num nível mais geral, há alguma mudança de narrativa que você sempre quis ter a chance de de fazer com esse tipo de franquia?

G: Honestamente, qualquer panteão que você lide depois das heroínas terem matado um terço deles, é um bom ponto, até onde me concerne. É o tipo de coisa que você sempre quis fazer numa história époica, metaforicamente matar os deuses que fazem as regras e fazer as pessoas lidarem com o que segue, mas eu estou perfeitamente feliz em mexer com os escombros do panteão grego que Xena deixou.

G: Você ja falou de elementos das personagens e do arco geral que você considera indispensável para o núcleo do show, mas que elementos formais aparecerão na arquitetura da temporada? Episódios musicais, reencarnações de desbravadores de tumbas, documentários: Xena era META2 pra caramba. Quando se incorpora o meta em algo com tanto pra se extrair, como você lida com a famosa e permeável quarta parede?

J: Eu sou da forte opinião que você conquista tudo isso. E sendo um reboot, a primeira ordem é que se crie uma narrativa discreta num universo onde situações de vida e morte é que improtam. Eu acho que quando se pula com tudo no meta, como se fosse continuar de onde o originalparou, você está dificultando o universo para todos que não entendem as regras intuitivamente. Mesmo pra algo simples, como magia e deuses, que é inerente ao DNA do canon de Xena, é algo que se precisa trabalhar muito deliberadamente. Em relação ao meta…bem, levou várias temporadas de 22 episódios para a série original entrar no meta – mesmo pra algo como deuses e magia – e com coisas assim, a real pergunta não é SE você deveria fazer isso, mas sim COMO conquistar isso. Eu tive um professor que uma vez me disse “Boa escrita é tudo que você possa convencer o outro”, e eu guardei isso.

NOTA DA TRADUTORA:

Meta2: Por META, eles se referem à meta-narrativa. Pra explicar de uma maneira resumida, seria por exemplo, os episódios como The Xena Scrolls, You are There, onde se cria uma narrativa própria DENTRO da narrativa principal, fugindo dos elementos “lógicos” da mesma.

G: Obviamente você é um fã de longa data, mas igualmente obvio é que a separação é necessária para o quadro maior da história que você contará. Tem coisas que você terá que deixa pra trás? Há algo que te desaponta como fã, e que como showrunner você tem que fazer para o bem da série?

J: A resposta óbvia é que Lucy Lawless e Renee O’Connor não serão Xena e Gabrielle. Isso já causou muito alvoroço. A questão de Reboot X Revival3 é muito relevante agora que Arquivo X foi revivida com elenco original e também Star Wars…e devido aos fãs de longa data quererem ver seus amados atores no papel. E olha, eu amo essas atrizes nesses papeis, tanto quanto amo Shatner como Kirki, Connery como Bond e Lynda Carter como Diana Prince – Então porque fazer um reboot e não uma continuação? A resposta pra mim é que o reboot não é um repúdio ao show original, mas sim uma homenagem a ele. Eu quero Xena sendo um ícone cultural por mais tempo do que a minha presença na indústria do entreteniment, ou que qualquer um envolvido no projeto. Se, em algum futuro distante pessoas presumirem Xena como um personagem da mitologia grega, junto de Hércules, e é por isso que tantas pessoas interpretaram ela através dos anos…É aí que estaria o sucesso.

NOTA DA TRADUTORA:

Reboot X Revival3:

Reboot: Quando a a série é RECRIADA, utilizando o mesmo universo temático e personagens, mas numa linha narrativa nova.

Revival: Quando a série é REVIVIDA, com o mesmo universo temático, mesmos personagens E MESMOS ATORES.

Fonte: http://io9.gizmodo.com/meet-the-creators-who-are-masterminding-the-return-of-x-1760590323

 

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