Entrevistas

10 - 13 minutes readEntrevista com Laraíne, ficwriter, shipper, uma contra o exército subber.

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Por Lucy

 Laraíne foi a nossa entrevistada da 4ª edição da RX, uma xenite sem dúvida muito especial, ela é uma shipper no meio de uma maioria subber e que defende seu ponto de vista com argumentos que sem dúvidas merecem o respeito e admiração de toda nação Xenite.
Ela nos conta como tudo começou, quando se tornou shipper, quando descobriu o subtexto, as influencias de série em sua vida, fala sobre seu relacionamento com outros xenites, com os colegas subbers, etc.

R: Quando foi que você viu Xena pela primeira vez?

L: É uma história meio triste, era 2006, primeiro dias das férias de inverno, eu tive um pequeno acidente (machuquei feio o pé), e fiquei um tempo de molho sem poder sair de casa, logo, eu olhava muita televisão, só não olhava a Record, aí um belo dia eu troquei e tava passando o Hércules, eu assistia há muito tempo atrás, e depois começou a Xena. Foi amor à primeira vista e eu não parei mais de olhar.

R: Qual foi o primeiro ep.  que você lembra de ter visto?

L: The titans, o primeiro com o pé machucado.

R: Quando foi que você descobriu o subtexto?

L: Eu procurei sobre Xena no PC e tal, fiquei um tempão pesquisando até descobrir o subtexto, antes eu pensava que todos achavam o mesmo que eu. 
Foi na comunidade “Xena não era lésbica”, eu sempre tava procurando comunidades de Xena e quando vi essa fiquei curiosa, porque realmente nunca tinha cogitado a hipótese aí vi o tópico principal, onde estavam Mary, Eris e Brunhilda, lutando contra não subbers, talvez anti subbers e pronto, dei uma de enxerida e entrei na discussão, entrei bem de enxerida mesmo, porque o pessoal lá tava tentando correr das gurias, tava bem ‘feia’ a coisa e eu simplesmente achei que o nosso lado devia ser defendido com argumentos. Então fui ler e aprender um pouco sobre o tal do subtexto, claro pra poder embasar meus argumentos, é praticamente isso.

R: E você acredita que Xena ama quem? Gabrielle, Ares ou outro?

L: Na boa, Xena tem uma atração muito forte por Ares, mas não definiria como amor. Ela realmente ama Gabrielle já provou isso muitas vezes, só não acho que isso envolva romance. Gabrielle alma, Ares corpo.

R: Você considera o subtexto de alguma forma? Tem algum ep. Que você considera subber?

L: Não há um episódio que eu considere subber, depende muito de como você olha.

R: Então você não acredita no subtexto?

L: Subtexto nada mais é do que a visão de algumas pessoas, sobre determinadas cenas, não é como se não existisse, mas a partir do momento em que eu olho e consigo enxergar as cenas chave do subtexto, como algo que não precisa ser exatamente o que ele prega, ele não se torna subber, fica apenas amizade entre elas. Esse negócio de subber e não-subber e anti-subber é só a visão das pessoas e como a cena tocou dentro de si. Nunca neguei o subtexto, a partir do momento que o conheci, apenas não me guio por ele.

R: Qual dessas discussões foi a mais longa?
L: Foi essa mesmo do inicio, primeiro começamos eu e Mary, ela pareceu aceitar meu ponto de vista, ficamos um tempão debatendo depois pareceu que simplesmente aceitamos os argumentos uma da outra e entramos numa trégua temporária, porque às vezes ainda rolam algumas discussões, claro que boas, mas a mais comprida foi à primeira.

R: xena influencia na sua vida de alguma maneira?

L: Meus amigos diriam que sim principalmente quando pulo e digo: “cortei o fluxo de sangue pro seu cérebro, você morrerá em 30 s se não disser onde está Gabrielle”. Mas pra quem assiste é capaz de ver a mensagem do seriado e não só as lutas, há muitas lições a serem aprendidas, o poder do perdão, do bem das outras pessoas além do seu, do poder de transformação que um sentimento verdadeiro pode trazer existem muitas mensagens, em alguns momentos da minha vida, Lao Ma me influencia um pouco é bom ter  serenidade e isso aprenderam muito com XWP, mas principalmente a parte de voltar atrás e desfazer seus erros é uma lição que todos deveríamos ter absorvido, as pessoas pensam que é só pancadaria, mas é muito mais que isso.

R: Tem algum personagem que você se identifique?

L: Me identifico um pouco com a Amarice.

R: Em que aspecto? Por quê?

L: Acho que além do cabelo cacheado, ela tem um pouco da minha personalidade, aquela vontade de ajudar, mas que nem sempre da certo, a vontade de ser algo sempre melhor e procurar por isso, um pouco da impulsividade dela da aparente dureza, mas que no fundo tem bom coração… Sem querer puxar brasa pro meu braseiro, lógico.

R: E qual foi a melhor coisa que já te aconteceu nesse Xenaverse?

L: Acho que cresci muito sabe, compartilhando idéias, é muito fácil você se isolar, quando não tem ninguém por perto que goste do mesmo que você. É bom ter alguém que não pense igual a você, compartilhar isso, essas diferenças, trás um crescimento pra gente, gosto do ritmo de ajuda, que rola entre os xenites. Pra mim depois do baque que foi ver LL loira, a parte do xenaverse que não é simplesmente olhar Xena foi o que mais me atraiu, as pessoas e o que o seriado trouxe a cada uma.

R: Você tem algum episódio favorito? Qual?

L: É estranho pra uma não-subber, mas gosto muito de “The quest”. Se não fosse por Callisto virar anjo, eu diria “Fallen Angel”.

R: E o que te chamou atenção em “The quest”?

L: Bom, gostei das proximidades entre as personagens, quero dizer, pra mim, foi ali que Gabrielle e Xena realmente notaram o que uma representa pra outra, não como amantes, igual aos subbers, mas como almas que devem estar juntas. A partir do momento que xena morreu, ou quase, desencadeou o que cada uma mudou na outra. Acho lindo a Gabby se cansando a levar Xena pra onde ela queria. Xena sempre defendeu a Gabby. Pra mim foi ali que Gabrielle notou o que representava, não vejo o quase beijo como algo sexual, vejo como a maneira delas unirem suas almas, tipo ‘alma mesmo da xena que tava morta’ e a da Gabby que se desligou só para encontrá-la.  É simplesmente essa entrega, sem valor sexual que valorizo.

R: Seu círculo social aumentou com a série?

L: Claro, considero como amigos a maioria do pessoal da comunidade, que conheci graças a XWP, gosto tanto da maioria como gosto dos amigos reais, apesar de não conhecê-los, acho que um gosto comum une as pessoas.

R: Então, isso quer dizer que você realmente não conhece nenhum pessoalmente?

L: Não. Moro muito longe. Tem alguns que moram aqui perto, em santa Maria, mas ainda sim é longe, sobre conhecê-los, claro que gostaria,   fazer uma confraternização ao vivo da comunidade da universidade xenite seria muito legal, meio que uma mini convenção brasileira.

R: Já que tocou no assunto…  Se fosse possível uma convenção dessas e Você tivesse a oportunidade de nos apresentar algo (algum vídeo, alguma idéia, teoria sobre a série), o que seria?

L: Creio que seria uma teoria sobre: o que torna uma pessoa não-subber. Sempre tive vontade de fazer um documentário sobre como XWP mudou a vida das pessoas como isso as faz sentir mesmo depois de tanto tempo do fim da série. Sem falar numa fic
que realmente explicasse a relação entre X & A . Tenho muitas idéias.

R: Algumas pessoas da comunidade brincam dizendo Laraíne “quase-subber”. Isso seria possível? Você poderia se tornar subber com o passar do tempo?

L: Na boa acho que não poderia me tornar subber e não é por ser cabeça dura nem nada é porque eu realmente consigo ver a série sem o subtexto, consigo interpretá-la assim. Acho difícil mudar de idéia porque a atual me satisfaz e até agora já ouvi muitos e muitos argumentos subbers, mas nenhum que conseguisse derrubar minha teoria. Então se ela continua de pé, não há porque abandoná-la.

R: E como é ser uma shipper no meio de uma maioria subber?

L: Acho divertido!!
Por que na verdade não gostaria de ser membro de uma comunidade onde todos concordam sempre. È chato. Eu gosto do clima de eterna argumentação, porque sabemos que ninguém vai ganhar nisso, mas me sinto em casa, eles respeitam muito meu ponto de vista, logo, pra mim ta legal!

R: E o que você mais admira neles?

L: A suprema força de vontade pra acreditar no subtexto. (RISOS). Brincadeira, lógico!!
O respeito algo que infelizmente muitas vezes faltava nos não-subbers, o respeito pela opinião alheia e a argumentação. Na verdade quando nossos colegas ‘shippers’ repudiam o subtexto só por isso, sem argumentação, além de uma falta de respeito acaba fazendo com que todos nós pareçamos um bando de ignorantes ou ingênuos e não é isso, claro que não.

R: Então, já que você admira o respeito e a capacidade de compreender e aceitar a opinião alheia no pessoal da comunidade. Você acha que a série ensina esses valores?

L: Acho. Na maior parte do tempo passa isso sim, não é só a parte do Ely e tal ou da Lao ma mas até quando a Xena salva a Callisto de ser um demônio ela está fazendo exatamente isso. 
Ela sabe o que callisto pensa, sabe que é errado e, no entanto não tenta quebrá-la pela força bruta, apesar de já ter rolado muita pancadaria não foi exatamente por isso e no fim acaba fazendo algo que é melhor pras duas independentes de opinião. Acho que não foi um exemplo completamente ‘entendível’.

R: Tem alguma frase na série que tenha te emocionado ou que signifique algo para você na sua vida, que de alguma forma te ensinou algo?

L: Gosto muito dessa: “You’re brought out the best in me, before I meet you, no one saw me for who I was. I felt…invisible! But you saw all the things that I could be. You save me.”
Acho que é importante achar alguém que goste de você pelo que você é. É difícil achar isso!

 

 R: Traduzindo: “Você me fez mostrar o melhor de mim, antes de te conhecer, ninguém me via como eu era de verdade. Eu me sentia… invisível! Mas você viu todas as coisas que eu poderia ser. Você me salvou.”- Idos de março.

R: O que te inspirou a escrever a fic “Por dentro”?

L: Bom foi do nada, eu tava numa palestra que era muito chata na verdade, então, tocou uma música que não sei o nome até hoje e aí foi surgindo, pedi uma folha pra uma amiga e pronto, veio como está!

R: Você já tinha vontade de escrever fics?

L: Já tinha escrito algumas coisas fora do xenaverse, mas nunca tinha imaginado que eu escreveria uma fic, achei que tinha que ter muita criatividade e tal.

R: você já fez outros trabalhos no Xenaverse?

L: Eu só escrevo mesmo, não tenho muito talento com edição de fotos nem nada, o ano passado, até comecei  a fazer um site, mas ia acabar ficando apenas uma compilação dos atuais então larguei de mão, na época até comecei a aprender Java script pra fazer…

R: você acha que xwp te despertou algum talento que antes estava oculto?

L: acho que me despertou a coragem de publicar o que escrevo, o que nunca tinha feito antes, eu já escrevia, mas nunca nada tão profundo digamos apenas pequenos contos policiais.

R: E o que mais te chamou atenção na série inicialmente?

L: A primeira vista, a mitologia grega e claro a Xena dando umas porradas… Ainda mais que o primeiro ep. que foi The Titans.

R: E depois? Com o passar dos episódios?

L: Muitas coisas, a mitologia ainda mais, apesar de ter alguns furos cruéis, as mensagens de lealdade, amizade, e das escolhas certas, por trás de tudo. Não é a típica série com a mocinha sofredora. Sim alguém que tinha um passado sujo e que sabia disso, nãa queria esconder, simplesmente fazer o melhor que pudesse dali pra frente.

R: você se identifica com a série nesse aspecto de alguma forma?

L: se eu me identifico? Acho que sim, acho que a série reflete muitas coisas nas quais eu acredito principalmente na parte de não tentar mudar a pessoa que se ama e sim aceitá-la e se possível ajudá-la a crescer.

R: Tem algo sujo em seu passado que você busca melhorar assim como a Xena?

L: Não que eu lembre!
Mas acho que às vezes as pessoas tendem a enfrentar seus medos se tornando o que temem, entende? Todos têm atitudes que devem ou queriam mudar. Só no meu caso eu nunca fiz nada tão evil xena…

R: Você se identifica em algum aspecto com a Xena?

L: Acho que tenho a mesmo vontade de fazer o melhor, se esforçar, a idéia que sacrifícios devem existir para que algo seja mudado, mas principalmente a vontade de proteger quem se gosta acima de tudo, até do bem supremo.
R: … e com a Gabby?

L: Fora gostar de escrever? A parte de tentar se encontrar, e arriscar tudo pelo que acho que é certo. Só que claro que ela tem a xena pra salvar ela se algo der errado e
eu não!!

L: Não vai perguntar do Joxer também?

R: eu não ia perguntar, mais já que você citou: Você tem algo em comum com Joxer?

L: Graças aos deuses não. Ta eu sou um pouco atrapalhada as vezes, mas não com tanta freqüência.

R: Você já fez alguma coisa para parecer com a Xena?

L: Eu costumo usar o cabelo meio preso às vezes, mas isso não quer dizer que fico parecida. Sem contar quando tento imitar o gritinho.

R: Tem algum ep. que você não goste?

L: The Prodigal, não gosto muito de Ten little, mas gosto menos de The prodigal ou  da filha da pomira agora não lembro o nome em inglês.

R: Porque não gosta de The prodigal?

L: Porque é um ep. Meio tosco. A Gabby voltando, o herói que de herói não tinha nada.

R: se você pudesse de alguma forma, se encontrar com Xena e Gabrielle e ajudá-las de alguma forma, como seria?

L: Primeiramente roubava o porte de cinzas da gabby! Mas de verdade eu queria era ir pra batalha!

 

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